Nunca
me respondeste, quando te chamei,
E só Deus sabe como era urgente e aflita A minha voz! Mas, desgraçadamente sós, Morrem os que se afogam No mar da sua própria condição. O meu, sem margens, é um descampado Desabrigado. Vagas e vagas de solidão, E a tua imagem, litoral sonhado, Sempre evocada em vão. Nunca me respondeste, e foi melhor assim. Um náufrago perpétuo é um pesadelo. Dizer-me o quê? Que, de longe, me vias afogar, Mas que nada podias. Pois sabias Que os poetas jurados, Humanas heresias, Nascem condenados A morrer afogados Todos os dias No tormentoso mar dos seus pecados. |
Expiación
Nunca me respondiste, cuando
te llamé,
¡Y sólo Dios sabe cuan
urgente y desesperada era
Mi voz!
Pero, desgraciadamente solos,
Mueren los que se ahogan
En el mar de su propia
condición.
El mío, sin márgenes, es un
descampado
Desabrigado.
Oleadas y oleadas de soledad,
Y tu imagen, litoral soñado,
Siempre evocado en vano.
Nunca me respondiste, y fue
mejor así.
Un náufrago perpetuo y un
pasajero.
¿Decirme, qué?
Que, de lejos, me veías
ahogar,
Pero que nada podías.
Pues sabías
Que los poetas jurados,
Humanas herejías,
Nacen condenados
A morir ahogados
Todos los días
En el tormentoso mar de su
pecados.
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Miguel Torga,
nasceu em 1907 em S.w
Martinho de Anta, concelho de Sabrosa Trás os Montes, aldeia onde cresceu e que
o havia de marcar para toda a vida. De Nome Adolfo Correia da Rocha, adotou o
pseudônimo de Miguel Torga (torga é o nome dado à urze campestre que
sobrevive nas fragas das montanhas, com raízes muito duras infiltradas por
entre as rochas).
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