Miguel
Torga
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PRENÚNCIO
Na tarde calma,
ondula
A
invisível ramagem dum poema.
Uma secreta brisa, Que apenas se adivinha, Percorre o mundo íntimo das coisas E acorda em sobressalto As folhas do silêncio.
Falta ainda o poeta…
Mas a evidência Da sua voz É como a luz do sol quando amanhece: De tão branca, parece Que descora a ilusão da madrugada… Antes ele não viesse, E em cada solidão se mantivesse Esta bruma de música sonhada.
Diário VII
Gerês, 27 de Agosto de 1958.
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En la tarde calma y ondulada
El invisible ramaje de un poema.
Una secreta brisa,
Que apenas se adivina,
Recorre el mundo íntimo de las cosas
Y despierta en sobresalto
Las hojas del silencio.
Falta aún el poeta...
Pero la evidencia
De su voz
Es como la luz del sol cuando
amanece:
Que decora la ilusión de la
madrugada...
Hasta que el no viniese,
Y en cada soledad se mantuviese
Esta bruma de música soñada.
Diário VII
Gerês, 27 de Agosto de 1958.
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